5ª SINFONIA DE GUSTAV MAHLER > 21 & 22 JUN

Co-produção entre Festival Estoril Lisboa e Temporada Darcos

20 junho / quinta-feira / 21h30

TEATRO-CINE DE TORRES VEDRAS

bilhetes à venda nos locais habituais

21 junho / sexta-feira / 21h00

SALÃO NOBRE DA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA
bilhetes à venda nos locais habituais

G. Mahler (1898 – 1937) 5a Sinfonia (arranjo para ensemble de K. Simon)

I. Marcha Fúnebre: compassado – severo – como um cortejo II. Tempestuoso: com grande veemência III. Scherzo: enérgico, não demasiado rápido IV. Adagietto: Muito lento V. Rondo-Finale: Allegro – Allegro Giocoso. Fresco

Nuno Côrte-Real / direção musical

ENSEMBLE DARCOS

Para o reputado ensaísta Donald Mitchell (1925-2017), a 5a Sinfonia de Gustav Mahler (1860-1911) “inicia um novo conceito de drama interior”, no qual um eventual conteúdo programático já não reside na voz, ou em textos explicativos, antes “passou para a clandestinidade”, para a profundeza da psique do compositor. Tela musical gigante, de um alcance emocional inaudito, a 5a Sinfonia foi escrita entre 1901 e 1902 e estreada em Outubro desse ano, em Colónia. Descontente com o resultado, Mahler faria revisões constantes desta sinfonia até à sua morte. No concerto de hoje, ouviremos o arranjo para ensemble instrumental de Klaus Simon (1968), realizado em 2014 por encomenda da Holst-Sinfonietta. De carácter conflituoso, ao convocar, num mesmo espaço a mais esfusiante das alegrias e a mais transcendente das tristezas, a 5a sinfonia parece querer falar das incertezas fundamentais do nosso tempo.

A 1a secção desta sinfonia compreende os dois andamentos iniciais. Inquieto e desolador, o primeiro andamento começa com uma fanfarra aparamente vitoriosa que, rapidamente, se dilui numa dolente marcha fúnebre.

O segundo andamento, apesar do frenesim que o trespassa, parece querer ascender a um estado de relativo optismo, caindo repetidamente numa angústia indizível. O mítico maestro Wilhelm Furtwängler (1886-1954) dizia sobre este andamento, “Não conheço nenhuma outra música que possa levar-me a um estado de espírito mais pessimista. Desvaloriza tudo o que ainda pode parecer valioso para nós neste mundo sombrio”. A 2a secção da sinfonia é constituída pelo terceiro andamento, Scherzo, longo, dominado por um ritmo ternário, vagamente nostálgico, vagamente frívolo, ensaiando uma visão mais positiva da vida. A 3a secção compreendo os dois andamentos finais. Tendo entrado na cultura popular pela mão do realizador Luchino Visconti (1906-1976), ao funcionar como leitmotiv do filme Morte em Veneza (1971), baseado na obra homónima (1912) de Thomas Mann (1875-1955), o famoso Adagietto parece querer distanciar-se das tensões. Erroneamente associado à morte, parafraseia a canção de Rückert “Eu moro sozinho no meu céu, no meu amor, na minha canção”. O movimento finale possui um caráter exuberante. Luz e trevas confrontam-se uma última vez, num clímax musical apocalíptico.