CANTE – Concerto Celebração 10 Anos > 27 nov

Celebração 10 Anos Património Universal – Em parceria com a Câmara Municipal de Serpa e o Museu do Cante de Serpa

27 nov. / quarta-feira / 21h30 – CASA DO ALENTEJO, LISBOA

Entrada Livre

N. Côrte-Real (n. 1971) Cante (Novíssimo Cancioneiro – Livro Segundo)
Nuno Côrte-Real / arranjos e direção musical
Pedro Teixeira / maestro do Coro

CORO RICERCARE ENSEMBLE DARCOS

A 27 de Novembro de 2014, o Cante alentejano foi declarado Património Cultural e Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNE- SCO). Como exemplarmente definido na candidatura então apresentada, o “(can) to da (te)rra”, é um canto coletivo, polifónico, em compasso lento, quase sempre melancólico, sem recurso a instrumentos e que incorpora música e poesia, associado geograficamente ao Baixo Alentejo, retratando a “ligação umbilical do trabalhador com a terra-mãe”. Ou inteiramente masculino ou feminino, o Cante tem como estrutura musical duas vozes solistas, o ponto e o alto, alternando com um coro, em estrofes repetidas num ciclo o número de vezes que os cantores desejarem. É a expressão de um povo, tradição vernacular única, refletindo a identidade e a história de uma comunidade e de uma região.
Em parceria com o Museu do Cante de Serpa, comemoram-se os 10 anos da declaração como Património Cultural Imaterial da Humanidade, com o Livro Segundo, op.57, do Novíssimo
Cancioneiro de Nuno Côrte-Real (1971). Dedicado a Maria Pinto Cortez e ao seu Cancioneiro de Serpa (1994), recolha etnográfica incontornável, feito ao longo de uma vida, e profusamente ilustrado pela autora, o Livro Segundo, op.57, resulta, também ele, da recolha etnográfica na cidade de Serpa por parte do compositor que, fruto de uma circunstância familiar ocasional, aí passou a sua infância.
Discursos musicais externos multiplicam-se, enquanto roupagem que parecem desviar o Cante da sua identidade e autenticidade. Mas ao contrário do que parece, não desviam nem se sobrepõem. Ao invés da transparência da música de Côrte-Real, deparamo-nos com uma opacidade incaracterística, qual partitura caiada, emulando o branco do casario. Pressente-se neste Livro Segundo uma rudeza propositada, um canto percussivo e penetrante, que ecoa na serenidade lírica da planície alentejana. É a rudeza dos árduos dias de trabalho, de uma existência de miséria, uma pobreza compassada e dilacerante, que tinha no Cante e na sua poesia, uma expressão e um escape.