20 de junho / sexta-feira, 21:30 – Igreja do CAS Runa, Torres Vedras – entrada gratuita
21 de junho / sábado, 19:00 – Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Lisboa – entrada gratuita
ENSEMBLE DARCOS
Quarteto de Cordas nº 5 « Popular » – H. Vila Lobos (1887-1959) e Caged Symphonies
Vasco Mendonça (n.1977)
C. Debussy (1862 – 1918)
Quarteto de cordas em sol menor, op. 10
I. Animé et très décidé
II. Assez vif et bien rythmé
III. Andantino, doucement expressif
IV. Très modéré – Très mouvementé et avec passion
Escritas no alvor da I Guerra Mundial, as Três Peças para Quarteto de Cordas de Igor Stravinsky (1882-1971) foram concluídas em Setembro de 1914, sendo estreadas a 8 de Novembro do ano seguinte, em Chicago. Viriam a ser revistas em 1918 e publicadas em 1922. Miniaturas estanques, com um vocabulário musical que hoje denominaríamos de minimalista, pela concisão de recursos apresentados, as Três Peças exploram as possibilidades tímbricas dos instrumentos de corda. A 1a peça assenta numa nota pedal, qual sanfona, e de uma melodia evocativa do folclore russo. A 2a peça é inspirada na atuação do palhaço de music hall inglês, Little Tich (1867-1928), com padrões fragmentados e os pizzicati, qual gargalhadas. O último andamento é de pendor elegíaco, canto litúrgico obscuro e dissonante.
O Quarteto de cordas n.0 3, de António Pinho Vargas (1951), resulta de uma encomenda do Instituto Superior Técnico, aí sendo estreado, pelo Quarteto de Cordas de Matosinhos, no âmbito do 37.0 Festival de Música do Estoril, a 12 de Julho de 2012. Nas palavras do compositor, cada peça constitui “estar-lançado”, baseada na “liberdade do ato criativo” como “gerador dos materiais e organizador, tanto das suas relações, como da forma”. Tal como faz questão de sublinhar, “o percurso narrativo ou discursivo de cada um dos dois andamentos da peça” constituem uma “metáfora comum”, um percurso da ordem para uma “certa forma de caos”, convidando cada ouvinte “à percepção sensível”, uma significação específica, e “certamente diversa” desses conceitos.
Em Agosto de 1893, Claude Debussy (1862-1918) escrevia ao seu amigo André Poniatowski “Penso que, finalmente, te posso mostrar o último andamento do quarteto, que me tem atormentado desde há muito”. Debussy referia-se ao Quarteto de cordas em sol menor, op.10, L91, obra seminal do impressionismo europeu, cuja composição iniciara um anos antes. Audaciosamente revolucionário, Debussy reconfigurou a canónica arquitetura musical germânica, dela fazendo tabula rasa, baseando-se no princípio cíclico temático-motívico, assente em variações e subtis transformações harmónicas ao longo de toda a obra. O tema do 10 andamento é a base dos diversos componentes temáticos da restante obra, sendo de destacar o longueurs e sensualidade do 30 andamento, bem como o ritmo fervilhante do scherzo, numa conjugação magistral de texturas tímbricas. Viria a estrear, na Salle Pleyel de Paris, a 29 de Dezembro de 1893, pelo prestigiado quarteto do violinista Eugène Ysaÿe (1858-1931), a quem a obra é dedicada.